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PARA ALÉM DA ENCRUZILHADA

 

Seguindo a lógica do consumo atual, teremos um futuro comprometido ou as novas tecnologias superarão as carências?

Alguns fatores são debatidos na academia e um deles é por quanto tempo o planeta suportará a atender com os recursos disponíveis seus moradores de 7 bilhões de pessoas ou 10 bilhões para os anos 2050.


No início da era cristã, estima-se que havia no mundo uma população de 150 milhões de pessoas. Este número dobrou em 1350 e quadruplicou em 1700 chegando ao primeiro bilhão em 1804. Com o advento da urbanização, os avanços da medicina e a industrialização, a população saltou de 1.6 bilhão para os 7 bilhões atuais. Só então, a partir de 1965, a média baixou de 4.9 para 2.7 filhos por mulher, e ainda assim, recebe 80 milhões de pessoas novas anualmente.


O fenômeno da globalização, a pasteurização da cultura, o enfraquecimento das religiões tradicionais e éticas e a entrada da China no mercado mundial de bens, entre outros, reforçaram o sentido do consumo extremo. O vazio metafísico/existencial é preenchido nas compras. Nossas catedrais são os shoppings e nossas romarias são as viagens internacionais, não para trazer água do Rio Jordão, mas sacolas e sacolas de bugigangas que serão substituídas futilmente, pois não contém mais as substâncias cósmicas de um Criador que nos provocava, sobretudo no cuidado com a preservação da natureza e ética para com o “outro”.


Neste rastro, uma metamorfose acontece em nós: transformamo-nos em gafanhotos devoradores. O importante não é sobreviver com dignidade, mas sim como consumidor. Não basta cada família ter um carro: todos da família terão um, e assim, obedecer ao comando das grandes corporações e encher as ruas e estradas de motores ligados expelindo CO2 e queimando recursos naturais finitos. Não nos basta apenas uma TV, um celular, um computador, etc.; temos que ter vários, pois executamos ordem do grande “deus”: o mercado.


Estamos perdendo a capacidade de refletir sobre nós mesmos, sobre nossas famílias, sobre nosso planeta. Neste vácuo, alguém pensa por nós! Saint-Exupéry no livro - O Pequeno Príncipe salienta: “Os homens – disse o pequeno príncipe – embarcam nos trens, mas já não sabem mais o que procuram. Então eles se agitam, sem saber para onde ir”.


Cabe então perguntar, estamos criando a curto/médio prazo um Armageddon para nós mesmos? Na ânsia de colaborar, eu me antecipo a dizer-vos: Seja um semeador. De cada fruta deliciosa que comer, plante as sementes e distribua para os outros, faça uma horta e reaproveite as roupas. Seja ético em tudo o que fizer. Leia, principalmente os clássicos, as grande narrativas, as poesias de Drummond.

Aproveite a água da chuva, trate seu esgoto e não desperdice os recursos naturais que ainda temos. O mundo do consumo nos vendeu a morte de Deus. Recobre este sentido e mergulhe Nele que é amor. Lembro Santo Agostinho: “Ut inventus quaeratur, immensus est” = Se mesmo encontrado, ainda é procurado, então é infinito.

Luiz Eduardo Cantarelli - Jornalista. MT. 14.895